Três Corações, MG – 02 de Agosto de 2024 – 16h46 – Por Elisson Gonçalves
Minas Gerais – Com mais de cem dias sem registro de chuva em grande parte do estado, Minas Gerais enfrenta um aumento significativo nos casos de incêndio, resultando em um número crescente de ocorrências na rede elétrica. Um levantamento realizado pela companhia de rede elétrica de Minas Gerais revelou que mais de 45 mil unidades consumidoras foram prejudicadas por queimadas no primeiro semestre deste ano, com 91 ocorrências registradas. Esse número representa um aumento de 15,34% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando pouco mais de 39 mil clientes tiveram o serviço interrompido.
A tendência é que as queimadas se intensifiquem até o início do período chuvoso, que começa em outubro, devido às altas temperaturas médias associadas à baixa umidade. Além de provocar a queima de equipamentos e estruturas, os incêndios também podem romper os cabos da rede elétrica e ionizar o ar devido ao calor e fumaça. Esse fenômeno pode causar arcos elétricos na rede de alta tensão, resultando em curtos-circuitos e interrupção do serviço.
Os incêndios frequentemente ocorrem em locais de difícil acesso, apresentando um grande desafio para as equipes de campo que precisam realizar as manutenções. A dificuldade de levar estruturas pesadas, como torres e postes, para áreas acidentadas pode prolongar o período em que os clientes ficam sem o serviço.
A exposição dos equipamentos da rede elétrica às queimadas prejudica seu funcionamento, podendo causar o desligamento de linhas de transmissão e distribuição, subestações, além de representar um risco grave de acidentes para pessoas próximas a essas áreas. Em caso de incêndios, é crucial que a Cemig (116) e o Corpo de Bombeiros (193) sejam avisados imediatamente. A população pode denunciar queimadas ilegais de forma anônima, ligando gratuitamente para o Disque Denúncia (181).
Para minimizar essas ocorrências, a Cemig tem realizado ações preventivas, investindo na limpeza de faixas de servidão com poda de árvores e arbustos, além da remoção da vegetação ao redor dos postes e torres. A companhia também realiza inspeções em suas linhas de transmissão para identificar e mitigar riscos potenciais, tentando evitar ocorrências causadas por queimadas. Em 2024, a Cemig está investindo R$ 311 milhões em manutenção preventiva em toda a sua área de concessão.
A população pode contribuir para a contenção dos riscos adotando medidas simples, como apagar fogueiras de acampamentos com água para evitar que o vento leve as brasas para a mata e não jogar pontas de cigarros acesas nas estradas ou áreas rurais. É importante também não deixar garrafas plásticas ou de vidro expostas ao sol em áreas com vegetação, pois esses materiais podem provocar incêndios. Queimadas, mesmo quando permitidas por lei, não devem ser realizadas a menos de 15 metros de rodovias, ferrovias e do limite das faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia. A Cemig lembra ainda que é proibido o uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais.
Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil registrou 47 mil quedas de energia elétrica provocadas por incêndios e queimadas em 2023, um aumento de 21% em comparação ao ano anterior. Em 2019, foram registrados 23 mil casos, mostrando que, em quatro anos, o número de interrupções mais do que dobrou. No primeiro quadrimestre de 2024, já foram notificadas mais de 18 mil ocorrências.
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